ASPE no Health Beyond: o futuro da saúde em debate na Universidade Europeia
16 de dezembro de 2025
Na tarde desta terça-feira, a Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) esteve presente no evento Health Beyond: Uma Tarde de Futuros da Saúde, na Universidade Europeia - Pólo Carnide. Lúcia Leite, Presidente da ASPE, foi uma das oradoras do painel “O Futuro da Saúde - Além da Inovação, o Impacto Humano”.
Para além de Lúcia Leite, a mesa contou com oradores de diversas áreas relacionadas com a Saúde e o desenvolvimento tecnológico, entre eles, Juliana Cruz, fundadora e CEO da Biosolve4All e NITextile (NIT), Mários Simões, cofundador e CEO da Goddenteq (medicina dentária), António Valente, Diretor Business Development na IOMED e docente na Universidade Europeia, e ainda Francisco Gamboa, diretor-geral da Associação Portuguesa do Cancro no Cérebro (APCCEREBRO).
Nesta conversa, moderada pela médica dentista Joana Duque, foram abordados temas como a importância dos materiais nos cuidados de saúde, a robótica aliada ao acompanhamento tecnológico da saúde, questões éticas relativas aos dados pessoais dos doentes e ainda a importância e o real impacto da inovação tecnológica na qualidade dos cuidados de saúde versus a valorização dos profissionais de saúde.
Na sua intervenção, Lúcia Leite começou por alertar para o risco de uma visão excessivamente entusiasmada pela tecnologia, considerando que esta pode ser aliciante, mas não resolve problemas por si só. Pelo contrário, a Presidente da ASPE considera que a tecnologia quando não é bem integrada, pode afastar-se das necessidades reais dos doentes e dos profissionais, devendo por isso ser um meio e não um fim, mas sim complemento ao cuidado humano e nunca um substituto.
“A tecnologia tem de estar ao serviço do cuidado e não substituir a relação humana”, afirmou Lúcia Leite.
A Enfermeira Lúcia Leite salientou que os enfermeiros trabalham diariamente com análise de padrões, avaliação de riscos e tomada de decisões complexas, muitas vezes invisíveis para a sociedade. São eles que interpretam os comportamentos pessoas, recolhem dados, contextualizam resultados, adaptam as intervenções à condição concreta de cada doente e garantem a segurança dos ambientes em que se prestam cuidados. A tecnologia pode apoiar este trabalho, mas não substitui o julgamento clínico da situação de saúde/doença da pessoa, com as suas condicionantes familiares e integrada numa comunidade, nem substitui a relação humana empática, respeitadora dos valores e da cultura de cada indivíduo.
“Os enfermeiros trabalham todos os dias com identificação de padrões, riscos e necessidades. Não somos apenas quem executa técnicas; somos quem avalia, interpreta e decide. Somos nós que contextualizamos os dados e percebemos o que fazer com eles”, acrescentou.
Lúcia Leite frisou também que é errado considerar “casos sociais” os doentes com alta clínica médica que permanecem nos hospitais porque, de facto, essas pessoas continuam nas enfermarias porque necessitam de cuidados de enfermagem e apoio nas suas dependências. Esta realidade resulta da falta de respostas da comunidade, designadamente dede cuidados continuados institucionalizados ou no domicílio, chamando ainda à atenção para a escassez de profissionais de enfermagem, num país cada vez mais envelhecido. Defendeu ainda que a inovação deve servir para libertar tempo, reduzir carga burocrática e permitir mais cuidados diretos, e não para aumentar exigências sem reforço de recursos humanos.
A Presidente da ASPE concluiu a sua intervenção afirmando que o futuro da saúde passa por uma integração equilibrada entre tecnologia, ciência e cuidado humano, baseada na colaboração entre profissionais, instituições e comunidade. Só assim será possível melhorar a qualidade dos cuidados, proteger os profissionais e garantir respostas mais justas, eficazes e humanas para os doentes.
“Sem enfermeiros em número suficiente, o sistema de saúde não consegue responder. A tecnologia é agregadora, mas nunca substitui o cuidado humano. O caminho tem de ser feito em conjunto: tecnologia, profissionais e pessoas”, concluiu.
A sessão, que durou cerca de uma hora, foi um importante momento de reflexão sobre a intervenção humana e o bem-estar do doente num mundo em constante mudança.
A ASPE agradece publicamente o convite que lhe foi endereçado para estar presente neste painel, reiterando a disponibilidade para continuar a contribuir ativamente para a construção de um sistema de saúde mais humano, sustentável e centrado nas pessoas.
Juntos Construímos o Futuro!
